Sou tarado por jornais. Desde os meus 17 anos que, com a curiosidade da idade, me ative a conhecer vários.
Primeiro a premissa: meu estado tem 2 principais jornais regionais de nome – dos quais não citarei, mas não é difícil saber quem são. Nos primórdios, como no mundo business, eu aprendi com meus erros, ou seja, lendo-os. A leitura destes é incessantemente medíocre - análises fracas, colunistas(salvo alguns) que parecem nunca ter lido um livro inteiro na vida e jornalista que faltaram às aulas de gramática – não é raro encontrar uma crase em repetições: “ 2 à 2” ou uma concordância errada “eles trabalhou...”. Mas, aos 17 anos pensei que tudo era “planejado”, achava eu, em minha ignorância, que aqueles eram jornais de qualidade, visto que nos obrigavam a lê-los – pais, professores, amigos. Acreditei nisso, porém, minha sensatez não deixara mais passar despercebido análises erradas, erros gramaticais grotescos e, leituras cujo único foco é a quantidade de pessoas que morrera naquela tarde.
Aos 18 não aguentava mais lê-los, desisti. Procurei a solução em outras fontes, desesperei-me. Achei que Jornal era tudo ruim, circo popular, onde as pessoas iam procurá-lo para sentir pena da desgraça dos outros. Comecei, então, por desespero e prudência, a procurar outros e foi então que conheci os “Grandes”.
Primeiro, me veio o The New York Times, que mesmo com um inglês desde pequeno sendo lapidado, me foi difícil ler artigos de colunistas como Friedman e Chomsky – que me levou a uma busca incessante ao dicionário.
The Wall Street Journal, o maior jornal em circulação nos E.U.A, veio logo depois. Conheci-o através das várias citações do NYT(New York Times). A análise financeira é referência – e por que não dizer dogma – do Mercado. Aos 18, não entendia nada do que aquele jornal dizia, as palavras eram muito técnicas o que tornou a sua leitura um tanto enfadonha visto que para ler um artigo eu demorava 2 horas – sendo que 1 hora e 59 minutos eram procurando os significados das palavras como “brinkmanship; bankruptcy; cutting-edge”. Mesmo não entendendo muita coisa, continuava fascinado pelos diagramas de projeções e análises dos mercados.
The Financial Times veio-me atráves do WSJ(Wall Street Journal). Nessa época já havia experimentado 1 ano de leitura do WSJ e NYT(New York Times), e mesmo com dificuldades, visto que é um jornal, também, muito técnico, consegui lê-lo. Este diferencia-se do WSJ por linguagens mais garbosas, artigos enxutos e colunistas conservadores. Adentrava-me aí ao mundo jornalístico Britânico, cuja próxima parada foi o meu preferido até hoje: The Guardian.
The Guardian, junto com o The Observer(jornal irmão) formam, para mim, a dupla perfeita no mundo jornalístico. Conheci-os quando tinha 20 anos, àquela época, já havia passado pelo crivo de 3 anos lendo jornais de língua estrangeira, cuja a linguagem é extremamente técnica e formal(NYT, FT, WSJ, WP), com isso me permitiu adentrar no mundo “The Guardianano” com certa facilidade. A priori não via nada demais nele, apenas alguns poucos colunistas medianos e uma análise na conjuntura Britância com algumas “spotlights” internacionais . Erro meu. Ao analisar, profundamente, descobri que este era um dos jornais – senão O jornal – que melhor defendia a democracia. Artigos nos quais as duas partes eram ouvidas, o repúdio total a qualquer forma de censura, os artigos confrontando o governo e o PM(Prime Minister), análises embasadas e bem argumentadas. Long Story Short, um jornal, ao meu ver, completo – não foi à toa que foi eleito o melhor jornal do ano.
Aos 19 anos, acabei meu curso técnico e, horrorizado com a experiência, resolvi seguir uma área totalmente diferente das áreas voltadas para Engenharia. Decidi fazer Letras – Francês ( cujo o Francês em si nunca havia estudado). I gave a shot. Comecei, então, a aprender a lingua do “biquinho” o que me levou a conhecer vários jornais, destaco 3: Le Monde, Le Monde Diplomatique, El Pais(este em Español).
Le Monde é um jornal centro-esquerda. Comecei a tentar lê-lo quando estava no ínicio da minha graduação. Não entendia nada. A linguagem culta e pedante dificultava a leitura dum leigo na língua. Só pude perceber o quão bom o jornal era após 2 anos de estudo da língua e várias interpretações erradas. Com 21 (idade que estou atualmente) percebo que é o jornal que melhor concebe o termo “artigo jornalístico”: análises simples, porém embasadas.
O Le Monde Diplomatique veio, também, aos 19. Este, uma análise, às vezes, a fundo das “Interpretações Internacionais”, cujos artigos são feitos por intelectuais de ponta – na maioria professores universitários das mais qualificadas Universidades Internacionais -, e as questões levantadas são de relevante importância no cenário internacional – o meu favorito na língua francesa.
El Pais é um jornal Espanhol renomado. Não senti dificuldades em lê-lo (visto que estudei espanhol na escola e nas palavras que não entendia “chutava” o significado). Um jornal cujo foco é a conjuntura política internacional, com artigos muito bem escritos e editores qualificados e renomados. Ao meu ver, o melhor jornal em Espanhol disparado.
No Brasil há alguns jornais que valem a pena ler, destaco 5: Estado de SP, O Globo, Valor Econômico, Folha de SP, e Brasil Econômico. Como leitor e assinante destes 5, destaco algumas características:
O Estado de SP é um jornal conservador, com seus artigos de primeira página escritos por intelectuais, na maioria das vezes de Direita, um jornal mais intelectual, para aqueles que gostam de uma leitura mais a fundo. Seus artigos internacionais, “quote” de jornais como “New York Times” “Washington Post” e etc., são os melhores – comparados aos jornais brasileiros.
Folha de SP é um jornal rápido, que conta no seu corpo editoral nomes como: Carlos Heitor Cony, Ruy Castro e outros grandes. O maior jornal que cobre furos no país. Quase todos os escândalos envolvendo políticos nesse ano contou, em algum momento, com a participação da Folha.
O Globo é um jornal voltado para o RJ. Análises simples e sem muito esforço intelectual do leitor. É um jornal importante, porém não imprescindível.
Brasil Econômico e Valor Econômico, são os dois gigantes jornais de Economia do Brasil. O Valor conta do Defim Netto em seu corpo, enquanto Brasil Econômico tem, também, ministros e ex ministros, como José Dirceu na sua folha salarial.
E assim acaba, minha não acabada, saga jornalística.. Penso que me foi necessário conhecer os “ruins” primeiro para dar valor aos “bons”. Hoje, devido a falta de tempo, tento ler, pelo menos, 2 destes por dia – o que na maioria das vezes eu consigo.
Na próxima contarei meu fetiche por periódicos como International Security, Council on Foreign Relations, Political Analysis, Quaterly Journal of Economics, Journal of Cold War, entre outros.
PS: Não citei todos os jornais da qual tive o prazer de conhece-los - como Washinton Post, Le Parisien, La razion, Der Spiegel, Reuters, por falta de espaço