Welcome To Hell

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Voltei( e agora será diariamente)


"Se não sabes, aprende; se já sabes, ensina."





Colegas que fazem direito e estão prestes a serem advogados, repudiam-me –a mim e ao meu “pobre” curso-. Ora, é minha decisão escolher ser pobre e infeliz pelo resto da vida, meu caro. Deixe-me sofrer as mazelas de estudar Heiddeger, passando por Proust e parando em Camus sem ser incomodado. Eu, em momento algum, disse que você, ab-futuru-s, será um advogado que venderá seu intelecto a meras separações litigiosas.

"Uma noite rotineira e uma pragmatização a respeito da Licenciatura..."

Amontoados alunos sentam-se ao meu lado na universidade. Agora, quantos dos meus colegas, realmente, gostariam de estar ali...
Faço um curso que, para dizer o mínimo, é mal visto por todos que almejam orgias monetárias-licenciatura francesa-. Não causo inveja a ninguém ao falar que faço superior na área de letras, ao qual é muito mal visto e cheios de preconceitos perante os cursos tradicionais, tais como: economia, direito, medicina, farmácia, odontologia.Eu, inquieto que sou, averigüei. Fiz uma enquete para saber quantos, em números exatos, decidiram por livre e espontânea ideologia fazer o curso. Resultado: de 15 alunos, 4 alí estavam por prazer, enquanto que o restante sonhava com as prerrogativas de um médico, um advogado, um dentista.Ou seja: estavam ali por não terem a capacidade de passarem em um curso “melhor” ou por não terem dinheiro para pagá-lo ou, ainda, por quererem ter um curso superior(não importando que seja em ciência do lixo ). As pessoas que, ali(na sala de aula), compartilham de um espaço comigo, de fato, não queriam estar, e, elas próprias estão corroídas de devaneios e desestímulos pela profissão.


Agora, vaticinarei: numa sala com 15 pessoas propensas a serem educadores, 11 não o querem ser e, pior, só estão ali por falta de oportunidades em outros cursos, é algo que, para dizer o mínimo, preocupa. Levo a coisa a um patamar mais elevado. O que , de fato, empobrece o ensino no Brasil -além de todas os trâmites da União em tirar os 18% que seriam destinados a fins educativos e o descaso que o Governo, tanto Estadual quanto Municipal, tem perante ao que, de longe, é o bem mais precioso que existe – são os nouveau professeur. Estes, que à priori são os “enrustidos”, os “invejosos”; à posteriori serão os detentores do (não) saber. A catástrofe já está formada: professores frustrados em não serem um advogado detentor de carrões importados dando aula a pobres e inocentes almas que, (in)consciente, imploram conhecimento.Este é um aspecto que vem, cada dia mais, empobrecendo o curso de licenciatura, seja na História, seja na Geografia, seja nas Letras. A verdade é: esses cursos atraem os piores alunos, enquanto que, Direito, Economia, Medicina, Engenharia e outros cursos considerados “nobres” atraem a bagatela(elite). Ficamos com a sobra, na verdade, somos a sobra. É tratado universitário: alguém em sã consciência NUNCA faria um curso de licenciatura tendo absoluta capacidade e condição de fazer Direito ou Medicina.

Porém, como sempre há de praxe a exceção: e aqueles que, de fato, são capazes, estão ali porque são infelizes e gostam de licenciatura ? A estes, o destino é certo: mestrados, doutorados e concursos públicos. Estes o ensino público( mal remunerado), talvez, nunca os terá. O que, ao meu ver, é uma tragédia grega. Estes(os capacitados) deveriam ser absorvidos pela esfera pública, tanto Municipal quanto Estadual, para Ensinarem(com E maiúsculo). Sei que não me adianta reclamar. Talvez nunca mude. Os melhores, visto as péssimas condições de ensino estadual e municipal, sem atrativos econômicos e qualitativos, sempre procurarão as melhores oportunidades e viverão o egocentrismo freudiano à máxima, enquanto o árduo e cansativo dever de ensinar ficará para quarto ou quinto plano.


Sem mais delongas:
José Mário Ribeiro Silva



Ps: Voltei e, agora, será um post per day

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Concordo com você. O problema não é o curso e sim, em quem esta lá apenas por estar. Não adianta fazer uma coisa só pra falar que fez. Será apenas uma frustração a mais.

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