Welcome To Hell

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Desemprego; casamento tardio; e um relato (in)surpreendente ao final



A priori pensei em escrever este artigo em inglês, pois, poderia citar expressões no original de minhas fontes, mas resolvi escrevê-lo em português, visto este ser um assunto recorrente a nós, jovens brasileiros, e nada mais patriótico do que escrevê-lo em língua colonizadora.

Notícias surgem na Europa, no Oriente Média e, em menor escala, nos E.U.A sobre o “Grande Desemprego(sic) - há, aproximadamente, 207 milhões de jovens desempregados.”. Dados recentes mostram que nunca tivemos tantas pessoas trabalhando no mundo – cerca de 3 bilhões de pessoas – porém, também, mostra que metade destes são mal remunerados.

A Europa vive um surto de desemprego, a exceção da Alemanha que conseguiu diminuí-lo, com porcentagens alarmantes e preocupantes de jovens desempregados(young unemployement ). A parte Sul da Zona do Euro está mal das pernas: a Espanha contava, em 2007, com 20% de desempregados, hoje conta com quase 45% (The Economist Inteligence Unit), a Grécia com quase 16% e a Itália com 13%.

O todo poderoso E.U.A vai, também, aos trancos e barrancos: em 2007 a taxa de desemprego era de 5%, hoje são de 9%. A maioria jovem. No Oriente Médio as taxas são ainda mais extravagantes: no Egito 27%, na Tunisia 39% e na Síria 28%.

As coisas que mais me chamam a atenção nisso tudo é a quantidade de jovens(entre 15 e 25 anos) que estão desempregados, nunca na história mundial houve tantos jovens fora da labuta.

Essas estatísticas foram transformadas em manifestações ao redor do mundo, influenciando a Primavera Árabe na Turquia e, em seguida, na praça Tahrir Square(desculpe a redundância) no Cairo, Egito. Na Europa não foi diferente: riots na Inglaterra, manifestações dos Indignados na Espanha(onde percentual de jovens fora da labuta é em torno de 50%) e os pequenos alvoroços em Portugal. Nos E.U.A começou, nas semanas passadas, uma manifestação nas ruas de Wall Street, onde os seus causadores eram(e são) jovens que, na maioria das vezes, estavam (ou estão)a procura de um emprego –no país das oportunidades o desemprego para aqueles que possuem uma Graduação subiu de 2% para 5%, enquanto para não-Graduados cresceu de 11% para 17%.

Um artigo recente que saiu na revista Foreign Affairs mostra que nunca se ganhou tanto dinheiro no trabalho. Porém, o artigo destaca que enquanto o topo da pirâmide – aqueles que detêm os mais variados graus de especialização, cursos, idiomas e experiência – duplicam seus salários a cada ano, aqueles menos preparados – diz-se: menos estudados – veem seus salários serem devorados pelos impostos. A desigualdade salarial nunca foi tão grande em países emergentes e desenvolvidos – o México conta com uma faixa de desigualdade perto dos 0.7(sendo que 0 é igualdade e 1 a completa desigualdade); E.U.A 0.4; Brasil 0.5; China 0.4.

O casamento, assim como o (des) emprego vive um tempo diferente daquele que vivera outrora.


Na Ásia, por exemplo, nos anos 70 apenas 2% das mulheres continuvam solteiras depois dos 30 anos, hoje, somam quase 20%(fonte Asian Economic Development e The Economist). Enquanto que a idade para casamento também aumentou: passando de 25 anos em 1970 para 30 anos em 2010.


No Japão, cujos índices de “solteirice” sempre foram baixos, hoje beiram aos absurdos 30%.

Em Singapura os dados são os mais extravagantes possíveis: 34% das mulheres continuam solteiras após os 30. A situação é tão crítica que até o governo disponibiliza um site para relacionamentos – a preocupação deve-se ao fato de que mulheres que não se casam até os 40 anos, na maioria das vezes, não se casam mais e, consequentemente, não geram filhos(força matriz-futura da economia dum país)

As Chinesas estão quebrando o paradigma de que a mulher é quem faz tofu e serve cachaça de arroz. Aos poucos estas estão estudando mais e se valorizando, fazendo com que, assim, valorizem mais a educação e o trabalho do que a idéia de construir uma família.
Dados recentes mostram que as Asiáticas mais bem educadas não se casam – cerca de 2/3 das mulheres graduadas continuam solteiras após os 30 – e as que resolvem se ajeitar, se casam somente com maridos que ganham mais do que elas.

Para mim esses 2 assuntos abordados se identificam como causa e consequência ( desemprego e casamento tardio, respectivamente). Ora, casar, formar uma família, educar os filhos, são coisas caras, coisas que desempregados com visões "classe-medianas" não conseguem. Com a diminuição das oportunidades no mercado de trabalho e jovens graduados prestando serviços mal remunerados e contratos de trabalho que não garantem estabilidade nenhuma, ficou difícil inicar uma família nos loureis 25 anos- há também o fato de que os jovens,
contemporaneamente, ganham dinheiro para satisfazer, única e exclusivamente, seus desejos levianos e fúteis . Àqueles com a vontade de construírem família ficou mais difícil. A Graduação na faculdade já não garante mais emprego, nem tampouco uma remuneração digna – visto a escancarada “indústria dos canudos", o ensino superior deixou de ser um símbolo de reconhecimento. Soma-se isso ao fato de que as mulheres desistiram de casar, ou se desejam, querem aqueles com salários maiores que os dela – caso sua namorada venha a se tornar uma Diretora Comercial, cuidado, grandes chances de você ser(ou já ter sido) trocado pelo Presidente da empresa(ainda mais se ela for bonita). Tornou-se difícil, batalhado, perene, sadomasoquista, a tentativa de construir uma família nestes tempos, mas, para aqueles que não desistem e que contam, assim como eu, com uma namorada-anjo, a vertigem duma família ao lado desta vale cada sacrifício, cada noite sem dormir, cada centavo juntado, cada ano esperado, pois, como dizia meu grande e inspirador mestre Napoleon Hill: “ a sorte sorrirá para aqueles que creem até o fim: eu vencerei!"


PS: em pesquisa recentemente publicada pela The Economist, 9 em cada 10 pessoas largariam o emprego se tivessem oportunidade de trabalharem em outro. Fiquei preocupado, será que estamos na era da Depressão?

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